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Sistema de Kung Fu

para a Vida

O Sistema Ving Tsun (Wing Chun)


Ving Tsun (ou Wing Chun) é um estilo de Kung Fu que ficou conhecido no mundo todo por ter sido praticado por Bruce Lee. A criação desse sistema é atribuída a Yim Ving Tsun, e ele é dividido em seis partes principais: Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do.

Na antiga China, era comum usar listas organizadas como forma de ensinar e desenvolver habilidades em várias áreas — como pintura, música e artes marciais. Dentro do Kung Fu, os movimentos e posturas corporais funcionam como ferramentas que ajudam a perceber sinais sutis e mudanças de direção com mais clareza. Quem consegue perceber uma tendência antes que ela aconteça geralmente sai na frente.

A simbologia do combate é algo valorizado há muito tempo na cultura chinesa. Encarada como uma metáfora para enfrentar situações de vida ou morte, essa simbologia nos convida a refletir e ressignificar cada experiência vivida.


Chi Jit - A Conduta Feminina


No Ving Tsun, os movimentos inspirados na sensibilidade e estratégia feminina — conhecidos como chi jit — mostram como é possível se adaptar ao que vem do outro. Em vez de enfrentar a força diretamente, a ideia é redirecioná-la e transformá-la em vantagem. Dentro dessa interação fluida, surgem inúmeras possibilidades a serem exploradas.


Os Domínios do Sistema Ving Tsun


O Sistema Ving Tsun (Wing Chun) é composto por seis domínios de prática. Mas isso não significa que ele seja limitado — pelo contrário, esses domínios representam a capacidade de ir até o limite da mudança, explorando todas as possibilidades dentro de uma tendência.

Esses seis domínios, desenvolvidos por Yim Ving Tsun, são:

小 念 頭


Nível Básico

do PSMYVT


É um kuen faat 拳法,particularizado em kuen to 拳套, que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠春拳術 

É o primeiro e mais importante domínio do sistema. Aqui se constrói toda a base do Ving Tsun. O foco está no conceito da linha central — manter o controle do centro oferece uma vantagem estratégica. O posicionamento consciente e o uso eficiente de alavancas revelam um grande potencial de força com mínimo esforço.

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 尋 橋

Nível Intermediário

do PSMYVT


É um kuen faat 拳法,particularizado em kuen to 拳套, que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠春拳術

Depois de entender a linha central, o próximo passo é aprender a mantê-la mesmo com o movimento e as mudanças de distância. Esse domínio foca na criação de “pontes” com o oponente, o que permite prever e reagir aos movimentos dele. A coordenação entre pernas e braços é essencial para manter o equilíbrio corporal.


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 標 指

Nível Avançado

do PSMYVT 


É um kuen faat 拳法,particularizado em kuen to 拳套, que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠春拳術 

Este domínio considera as respostas para situações de emergência. Se você perder o centro ou o controle, o Biu Ji ensina como recuperá-lo com precisão, energia e no tempo certo. 

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 梅 花 樁

Nível Superior Inicial

do PSMYVT


É um jong faat 樁法 que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠春 拳術. ​

Após dominar os três primeiros domínios, o praticante passa a praticar com aparelhos como o Muk Yan Jong (boneco de madeira) e o Geuk Jong. Essas práticas aprofundam e refinam as habilidades desenvolvidas anteriormente, levando a prática a um novo patamar.

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 六 點 半 棍

Nível Superior Medial

do PSMYVT


É um gwan faat 棍法 que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠 春拳術.

Neste estágio começa o treinamento com armas. O bastão longo introduz uma nova perspectiva estratégica e trabalha a antecipação de movimentos e tendências, exigindo maior alcance e precisão.

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  八 斬 刀

Nível Superior Final

do PSMYVT


É um do faat 刀法 que deu origem a um dos ling wik 領域 do Ving Tsun Kuen Sut 詠春拳 術.

O domínio final envolve o uso das facas duplas. Ele simboliza a capacidade de adaptação total diante da mudança — uma resposta flexível, estratégica e precisa frente a qualquer situação.

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Por que um Sistema de Kung Fu é Importante


Resumo dos principais pontos sobre o sistema de Kung Fu segundo o Prof. Ngau Pui Man:


Kung Fu não é uma teoria filosófica:

  • Não busca explicar a verdade sobre o mundo nem impor regras morais universais.
  • Foca na prática e na vivência do praticante.

Diferença entre teoria e kung fu:

  • Teoria: começa com ideias e termina em conclusões lógicas.
  • Kung Fu: começa com a realidade do aluno e evolui por meio da prática.

Ligação prática entre os elementos do sistema:

  • Em vez de lógica teórica, o kung fu se baseia em conexões práticas e reais.
  • O aprendizado acontece no corpo, não só na mente.

"Leitura kung fu":

  • Entender o contexto em que algo é dito.
  • As frases no kung fu têm função prática, não apenas descritiva.

Contradições podem ser válidas:

  • Um mesmo ensinamento pode ter respostas diferentes para alunos diferentes.
  • O contexto e o momento definem o que é útil.

Eficiência prática acima da lógica:

  • O valor do kung fu está nos resultados que produz, não na lógica dos argumentos.

Kung fu é não-exclusivista:

  • Aceita diferentes caminhos e formas de praticar.
  • Não se apresenta como “o único jeito certo”.

Não impõe regras morais rígidas:

  • Oferece orientações flexíveis, como protocolos adaptáveis à vida.
  • É uma arte a ser vivida, não uma doutrina a ser seguida.

Aprendizado corporal e prático:

  • Kung fu se aprende imitando mestres, não só lendo ou ouvindo.
  • A prática encarnada é essencial.

Leitura prática x leitura intelectual:

  • Leitura só teórica não transforma ninguém.
  • A verdadeira leitura (modo kung fu) envolve reflexão e prática diária.
  • Ler sem aplicar é como comer o cardápio em vez da comida.

Para o Professor Ngau Pui Man, seria um erro tratar um sistema de kung fu como se fosse uma teoria filosófica, feita só pra explicar o mundo ou pra dizer o que é certo ou errado de forma universal.

Segundo ele, uma teoria normalmente começa com ideias básicas e vai construindo uma conclusão por meio do raciocínio lógico. Já um sistema de kung fu funciona diferente: ele começa com a realidade do aluno, com o que ele consegue fazer no momento, e vai, aos poucos, guiando esse aluno por meio da prática até que ele alcance níveis mais altos de habilidade e arte.

O Professor Ngau também mostra que, numa teoria, as partes estão ligadas de forma lógica, como uma linha reta. Mas num sistema de kung fu, tudo está conectado de maneira prática e viva — é algo mais dinâmico. Em vez de serem só ideias na cabeça ou palavras escritas, os ensinamentos do kung fu ganham vida no corpo, nas ações e na prática da pessoa.

Do mesmo jeito, as frases e ensinamentos que se ouve no kung fu não são só explicações teóricas. Elas fazem parte do que o professor chama de "leitura kung fu", onde é preciso entender o contexto e o momento em que as palavras são ditas. Cada fala carrega um propósito prático, não apenas uma ideia.

Por isso, o sistema de kung fu não pode ser avaliado do mesmo jeito que um texto teórico. O valor do ensino kung fu está nos resultados reais que ele produz, e não em provas ou argumentos lógicos. Por exemplo, o Mestre Ip Man dava respostas diferentes — até opostas — para a mesma pergunta feita por alunos diferentes. Isso acontecia porque cada aluno estava num momento diferente do seu aprendizado, e a melhor resposta dependia disso.

Mesmo que pareça que um bom ensino é sempre o mesmo para todo mundo, o professor Ngau lembra que é preciso ter discernimento — saber quando e como aplicar o que foi aprendido. Isso lembra os ensinamentos do Professor François Jullien, que dizia que devemos avaliar cada situação com atenção.

Por causa disso, Ngau afirma algo importante: como a “eficácia” de um sistema de kung fu depende do contexto e dos resultados, ele não tenta ser o único caminho certo. Ao contrário das verdades absolutas, o kung fu aceita que existam outros caminhos válidos. Isso não quer dizer que não exista o certo e o errado, mas sim que, como qualquer arte, o kung fu depende do julgamento das pessoas que praticam e vivem aquilo.

Na visão do professor, o objetivo de um sistema de kung fu não é impor regras morais, mas oferecer um caminho para que as pessoas possam viver de forma mais artística. São como guias flexíveis, que a pessoa precisa aprender com o corpo, não só com a cabeça. Enquanto as regras são ensinadas com palavras, as habilidades do kung fu são passadas por meio da prática e da convivência com os mestres. É por isso que os relatos de vida dos mestres são tão importantes.

O pensador Cheng Yi dizia que hoje em dia as pessoas não sabem mais ler de verdade. Elas leem os livros clássicos, como os Analetos de Confúcio, mas continuam as mesmas de antes. É como se nem tivessem lido. Já Zhu Xi dizia que, ao ler esses textos, a pessoa precisa refletir e aplicar os ensinamentos na própria vida. Só assim o aprendizado se transforma em algo real — é isso que ele chama de “kung” no kung fu. Ler só com os olhos e os ouvidos é diferente de viver o que se aprendeu.

Para o Professor Ngau, esses dois pensadores mostram bem a diferença entre duas formas de aprender: uma é só teórica, intelectual; a outra é prática, viva — é a abordagem do kung fu. A primeira fica no conhecimento de livros, a segunda leva a uma transformação real, no corpo e na vida da pessoa. Quem só lê de forma teórica recebe a informação passivamente. Quem lê com a mente kung fu, interage com o texto, vive aquilo, torna o aprendizado algo pessoal e verdadeiro. Ler Confúcio só com a cabeça é como tentar matar a fome comendo o cardápio em vez da comida.